A popularização dos equipamentos tecnológicos, dispositivos móveis, sejam eles, celulares, notebooks, notepads e outros (apelidei aqui de “tecnomóveis“) têm promovido mudanças instigantes nos comportamentos das pessoas, nos conceitos, na cultura e convivência.
Essas novas condutas deixam muitas interrogações no que tange:
ao compartilhamento de atenções,
aos movimentos e influências em massa,
à disputa do tempo, informações partindo de vários contextos,
à capacidade do diálogo genuíno, aquele olho no olho,
à concentração e foco em determinadas atividades,
à dedicada reciprocidade de relacionamentos,
à reflexão sobre vários conceitos importantes,
às “antigas” e valorizadas relações humanas.
Quando observo alguns ambientes de trabalhos coletivos, empresariais ou educacionais, noto uma crescente dispersão da atenção. As pessoas, em geral, carregam seus “tecno-móveis” e estão o tempo todo conectadas aos mais diversos contextos externos. Isso promove uma divisão de foco e a não concentração no momento que está vivendo, na atividade que está realizando. Coloca-se em risco, inclusive os resultados esperados da atividade. Além de suscitar a reflexão acerca de alguns conceitos importantes: o respeito aos demais envolvidos na atividade, à capacidade do diálogo, à capacidade de olhar nos olhos, a verdadeira compreensão do que sendo tratado e vivido, o interesse genuíno pela atividade.
Deficiências relacionadas à falta de um planejamento adequado, à organização e preparação são, de certa forma, minimizadas pelo uso incessante e concomitante dos poderosos dispositivos comunicadores, sob a “justificativa verdadeira” de produtividade, aproveitamento do tempo, etc.
O quanto desse mundo conectado é real e o quanto é ilusório?
A pressão do meio realmente existe ou nos servimos dela?
Como está nossa capacidade de planejar, de dizer não, de questionar o status quo, de não ser influenciado pelos movimentos de massa?
Estamos mesmo presentes nessas situações ou queremos simplesmente parecer presentes?
Escrevi um pouco sobre a capacidade de OUVIR das pessoas. Nesta perspectiva de análise – sob a interferência de “tecno” elementos – fica muito mais complexo ou, eu diria, quase impossível, executar esse verbo.
Penso que precisamos voltar nosso pensamento à essência de conceitos e valores e retomar algumas posicionamentos “humanos” de relacionamento e de presença. Precisamos estar atentos às várias interferências que a modernidade tem feito na nossa vida e saber ponderar, escolher a forma mais inteligente de utilizá-las. Não nos deixar consumir, inconscientemente, por elas.
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