Pelos últimos seis meses, todos os dias, meu corpo estranhamente me lembra que estou viva. Muito viva. Não pelo amor. Pela dor. Não foram poucos os vôos que realizei de pé, literalmente. E de carro, por vezes, precisei dos motoristas.
Percorri jornadas incessantes aos exames e profissionais da medicina. Alguns deles, extraordinários e muito bem recomendados. No fim, muitas dúvidas e controvérsias nos pareceres.
O corpo, aos poucos e no seu ritmo próprio, fez a dor ceder… Deduzo que por uma conjunção de fatores.. Mas o que me inquieta é a origem,
a causa. Sempre fui adepta de uma vida saudável, alimentação, exercícios, …. O que me causou esse incômodo?
Felizmente, estamos em trégua. Eu e a dor. (ufa, resolvendo) Hoje, bem mais suave. Até voltei ao `pedal”.
Preciso te contar uma das minhas iniciativas nesses tempos. Nas idas e vindas das investigações, indicaram-me um tratamento com a medicina oriental. Ali ouvi de um super e respeitado doutor “integrativo” que essa lesão não retrata o meu momento atual. Possivelmente trata-se de consequência de algo iniciado há cinco, seis anos atrás. E que manifestou-se fisicamente somente agora.
Fiquei pensando sobre esses últimos seis anos, e também o porquê do meu corpo ter reagido somente “agora”, nesse meu atual estilo de vida. Quem me conhece sabe que realizei mudanças importantes no meu estilo de vida, escolhi novas e importantes opções. Daí, nesse contexto mais aberto à livre expressão, meu físico se pronunciou. Talvez, uma oportunidade para reconhecer e cuidar.. Extirpar o que estava ali instalado.
Oportunamente, ouço..
“Que sapos foram esses que você engoliu? Te fizeram muito mal.
Recordo sim, de situações críticas pelas quais passei, especialmente na vida profissional e que me exigiram muitos exercícios de contenção, de auto controle e tolerância e eu não encontrava outras saídas naqueles momentos.
As justificativas verdadeiras estavam sempre presentes: a necessária sobrevivência (as contas do dia a dia), as escassas oportunidades na minha atividade / posição, na cidade onde morava, o apreço à empresa para qual trabalhava, as pessoas boas com quem compartilhava atividades que curtia muito, entre outros. Fato era que naquele momento não segui o que meu coração dizia. E quantas pessoas também não passam por essa mesma situação?
E aí que vai o meu recado pra você!
Haja o que houver e independente das milhares de justificativas verdadeiras existentes, OUÇA você com atenção, realize uma análise criteriosa. Tem situação que não vale a pena manter, em detrimento de sua saúde. E o pior. S i l e n c i o s a m e n t e.
De repente, e inconscientemente, você pode estar permitindo que seu corpo acumule, seja por meio de contenções, raiva e insatisfações, repercussões físicas de várias ordens.
Parece loucura né? Mas não é. A psicossomática é uma ciência que estuda exatamente isso. Transcrevo aqui o significado dado pela Wikipedia –
“A psicossomática é uma ciência interdisciplinar que gera diversas especialidades da medicina e da psicologia, para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello Filho,[1]como “uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral”.
Certa vez, emprestada por um grande e querido amigo, li uma tese de doutorado, de um médico psiquiatra de Uberaba-MG, cuja pesquisa concluía, por meio de casos reais e experimentos, exatamente isso. Existem doenças físicas provenientes de situações sociais, emocionais não cuidadas oportunamente.
Não posso concluir que minha lesão seja de ordem psicossomática, ou mesmo, que esteja ligada a essas circunstâncias profissionais que mencionei. Não tenho conhecimentos suficientes, tampouco informações, para fazer tal afirmativa. Contudo, a explicação desse médico “experiente e referenciado” me fez pensar bastante a respeito. Principalmente quando menciona que o tensionamento da nossa musculatura, articulações de forma intensa por conta de problemas sociais, emocionais e etc, podem sim, desencadear dores e outros efeitos físicos colaterais.
Numa linguagem corriqueira e usual – é o famoso “engolir sapo”.
Esse comportamento é muto mais comum do que parece. Significa “tolerar coisas ou situações desagradáveis sem responder, por incapacidade ou conveniência”, segundo o escritor e professor Ari Riboldi.
Evitar conflitos, para colocar panos quentes na situação pode não ser um bom caminho.
Reafirmo – ENGOLIR SAPO, faz mal pra saúde.
Então, cuide-se preventivamente decidindo não deixar isso acontecer.
Isso não quer dizer “jogar tudo para o alto”, ser impulsivo ou inconsequente. Isso quer dizer para que preste atenção nos efeitos nocivos do seu contexto em você. E decida por você, priorize-se. Pela sua saúde física e emocional. Considere tomar posições e ter comportamentos positivos nesse tema.
Dependendo da amplitude do caso considere acessar profissionais habilitados que possam colaborar no encaminhamento. Um terapeuta, um mentor, um coach, um amigo.
Ao surfar sobre esse tema, encontrei o artigo, da Elisa Correa na Revista Vida Simples, de 2016, exatamente com esse título e gostei da pergunta de início:
“Por que toleramos ou ficamos calados diante de algo que nos desagrada?
Essa postagem tem o objetivo de chamar a atenção, colocar um foco dirigido aos aspectos relacionados ao estresse, à tolerância excessiva (beirando o abuso) e ao automatismo desenfreado (passividade) que observo em muitos contextos.
Que seja especialmente útil para as pessoas que passam por situações similares e estão se deixando absorver. Que possam mudar o seu olhar e lhes permitir transitar pela criação de novas e saudáveis realidades. Todos seres humanos tem essa prerrogativa..
bjos,
Darlene
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