Tem dias que nem ele próprio se aguenta e parece que algo sacou-lhe o eixo central do corpo. Cambaleia. Uma ausência de si mesmo, um lapso, talvez. Registra sinais rasos de certa impaciência ou uma ligeira e persistente irritação. A mente procura em tudo que é canto, atividade ou conteúdo uma forma de sair dessa combustão.

Algumas distrações tentam ludibriar o olhar aproveitando um filamento ainda vivo de interesse. Vários recursos saltam da cartola: meditação, música, estudos, leituras e filmes; todos companheiros pertinentes.
aEle sente a bola na boca do estômago. Ela grita. Seja lá o que for que estiver atravessado ali está fazendo questão de bem manter-se acordada. Aliás, por falar em acordado a noite dele não foi lá essas coisas. Sono entrecortado. Ele pensa que talvez possa ser isso. Sua mente vagueia escarafunchando razões para essa visita indesejada. Uma coisa meio fora de ordem.
Mas quem é que manda em quem?
Uma frase de Karen Vogel lhe vem à tona: “Quando a gente busca a paz, isso tira a paz.” e nessa conversa veio a Ana dizendo que brigamos o tempo todo com a gente mesmo por não querer sentir certas coisas. É fato que evita-se sentir o que provoca o nó na garganta.
Há mais de quinze dias em quarentena e suas saídas de casa só ocorrem para questões essenciais como mercado e farmácia. Seu corpo anseia por movimentos e os poucos exercícios físicos não parecem suficientes para destampar o barril. Algo ofusca-lhe o raciocínio…. O homem é um ser social. Isolamento parece vir na contramão da sua natureza.
Angústia ou quarentena? Qual dos dois vem primeiro?? rs..
Mas por que é que em dias como esse a solução passa longe de tudo que é alternativa normal? Muita calma nessa hora! (rs) É ela que vai colocar todas as coisas no lugar. Mentes turbulentas não pensam direito… só executam, impostam na vida.
Para. Senta. Tenta o silêncio.
Se acolhe. Só seja. E sente.
Escreve.
E alí no processo de dar a forma de palavras ao pensamento começa nascer a clareza e a mente inicia sua viagem de volta ao corpo.
Pois é.
(Crônicas de Darlene Dutra)
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