Hoje o dia amanheceu sem sol. Não é o sol de fora. É o aqui de dentro. Aquele que ilumina a alma. Acho que é tristeza. De ver tantas perdas mundo afora. O meu sol está vestido de uma palidez estranha. Só de pensar nas muitas pessoas que já estão lá fora lutando contra as mazelas do vírus. médicos, enfermeiros e profissionais de saúde deixando suas casas logo cedo rumo ao trabalho sem ter certeza do que está por vir.
Quantos mais estarão nas listas dos hospitais no fim do dia. Não sei se posso chamar de desafio ou se seria mais adequado chamar de uma missão de fé. Nno fronte nem todos conseguem executar seguramente seus ofícios. Esse momento exige equipamentos de proteção especiais para evitar o contágio. Que condições delicadas as deles! A falta de material adequado é um dos gargalos noticiados em todos os países. Imagine nos subdesenvolvidos cuja estrutura já não atendia as necessidades mesmo antes de tudo.
Eu, como a maioria, só tem que ficar em casa. É a maior das contribuições. Não ser agente transmissor.
Ontem o número de mortes subiu mais de quarenta por cento. Sim, esse dia sem sol fala muito. Fala de medo. Fala do desconhecido. Fala de perdas. Eu soube do que o Dudu fez a noite lá no centro da cidade de São Paulo. Por volta de dezenove e trinta da noite ele começou a tocar a música “Imagine” dos Beatles na sua janela. Em seguida vieram outras canções. Ele ficou ali acalentando e compartilhando com a vizinhança por mais de trinta minutos. O som enternecido e vibrante tomou conta dos ares naquele instante. O coro foi a resposta de tantas outras janelas. Um verdadeiro sopro de luz, uma acolhida pelos ares. É algo que comove. É como se nesse momento um círculo se formasse. Sempre digo que a música tem o poder de tocar frequências humanas inimagináveis.

Tive vontade de conhecer e conversar com o Dudu. Saber mais dele, como está vivendo esse momento e o que pensou ali ao unir-se a tantos pelos acordes. Atitudes como essa, de gente como a gente, sensibiliza. Me faz reafirmar a crença na bondade das pessoas. Tem uma frase que me acompanha há algumas décadas: “há gente boa em toda parte”.
Em todo canto do mundo.
Em muita janela.
Da.
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