“Você não deve mais gerenciar esse projeto porque está passando por uma fase difícil, por conta da doença do seu pai.” Uma “desculpa” que ouvi de um “chefe homem”. Um dos motivos “escolhidos” para ser destituída de um trabalho relevante.
Insensível. Essa é a palavra que prá mim, descreve bem. Ao longo de minha vida profissional percebi que para muitos homens, “sentir” , “sofrer a perda”, nada mais é que símbolo de “fraqueza”. Sinal de incapacidade para lidar com as questões profissionais.
Páaaara!!! Desumano isso!!!
Nunca me envergonhei de sentir profundamente a perda de uma pessoa que amasse tanto. Quem nunca?? Fico chocada pela forma como as diferenças de gênero se escondem nas entrelinhas das decisões. Muitos gestores, vestidos de conceitos equivocados acerca da sensibilidade, de família, de maternidade, de paternidade, das necessidades humanas em si, podem prejudicar os profissionais em suas carreiras e atuações. E isso passa desapercebido nos “sistemas”, em padrões vigentes.
Essa não foi a única vez e sei que não será a última, que vou presenciar desrespeitos por conta de ter nascido mulher.
Mulher sim.. com muito orgulho.
Tanto um homem como uma mulher podem ser inteligentes, inovadores, criativos. Nós evoluímos. Mas nossas ideias de gênero ainda deixam a desejar.
Chimamanda
Passei o olho pela cômoda do quarto e me deparei com um pequeno livro. De cara me prendeu a atenção pelo título.. Comecei a rolar as páginas e não parei mais de ler. Linguagem fácil. Recheado de histórias e casos. Tudo tão próximo das realidades que tratam abusos “de gênero”! E numa voz que cola.. engaja e insere o leitor (ou a leitora rs) no cenário. A gente se reconhece nas palavras dela. Os sentimentos são muito próximos…

E concluindo a leitura… afirmo:
Eu sou sim… feminista!
Dentro do conceito trazido pela autora, Chimamanda Ngozi Adichie, que diz: “Feminista: uma pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos.”.
Essa definição foi mencionada nesse seu livro “Sejamos todos feministas”. E que foi também a inspiração para o título desse escrito.
Uma passagem do livro:
Tenho uma amiga americana que substituiu um homem num cargo de gerência. Seu predecessor era considerado um “cara durão”, que conseguia tudo; era grosseiro, agressivo e rigooroso quanto à folha de ponto. Ela assumiu o cargo, e se imaginava tão dura quanto o chefe anterior, mas talvez um pouco mais generosa – ao contrário dela, ele nem sempre lembrava que as pessoas tinham família. Em poucas semanas no emprego, ela puniu um empregado por ter falsificado a folha de ponto – exatamente como seu predecessor teria feito. O empregado reclamou com o gerente sênior, dizendo que ela era agressiva e difícil. Os outros funcionários concordaram. Um deles, inclusive, disse que tinha achado que ela traria um “toque feminino” ao ambiente de trabalho, mas que isso não acontecera. Não ocorreu a ninguém que ela estava fazendo a mesma coisa pela qual um homem teria recebido elogios.
Consenti com muitos posicionamentos expressos por ela e ressalto aqui alguns desses pontos:
1) Os pais precisam estar atentos para a educação das crianças (meninos e meninas), de forma a não estimular (mesmo sem querer) as diferenças de gênero.
2) Mulheres não devem temer por se posicionar em relação à sua igualdade perante várias situações, no trabalho, no casamento, nos relacionamentos. Mesmo que isso implique, “deixar de ser querida”. Assumir o que são efetivamente, sem se vestir de modelos para agradar padrões.
3) Cuidado com as afirmativas de que problemas de gênero são culturais. E com isso, acomodar-se como algo fixo, rígido. Cultura é o resultado de um povo. Cultura está sempre em tranformação a a partir da conduta coletiva do grupo. “A cultura funciona afinal de contas, para preservar e dar continuiade a um povo.”
4) Precisamos, homens e mulheres, melhorar nosso caminho para as gerações futuras. Podemos lidar com isso de formas muito melhores, mais justas, mais HUMANAS.
E tem muito mais…
Nesse vídeo abaixo, a gravação do seu discurso no TED da África, com o tema que deu origem ao pequeno, porém, GRANDE livro.
Clap Clap Clap
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